sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Parada do Horror - Noite das Bruxas em Loulé.


Passando pela nossa avenida dei de caras com esta senhora.

De momento não reflecti muito, mas depois constatei, os Santos Populares festejam-se em Quarteira, a Noite Branca (que tem o seu germem em cidades europeias e norte americanas e que normalmente é associada a iniciativas humanitárias ou de solidariedade social), festejou-se em Loulé, mas do cunho humanitário nada constatei.

O dia São Martinho quase não se festeja e outras festividades Portuguesas e Louletanas não têm trage de festa. Pensei serão estas festividades uma manobra concertada para uma inculturação de estrangeirismos? Assim apraz-me umas considerações acerca da origem da festa que se vai realizar na nossa Avenida.

O Halloween é uma festividade tradicional e cultural, oriunda dos países anglo-saxonicos, contudo tem a sua origem remota em celebrações dos antigos povos celtas. É possível situar o seu início cerce de 600 a.C e 800 a.C.

No seu centro encontramos um objetivo; dar culto aos mortos. Aceitava-se que os espíritos dos mortos voltavam durante a festa para visitar os seus antigos lares e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo. Os Romanos (46 A.C.) aquando da invasão das ilhas britanicas latinizaram a festividade Celta. No Séc. II deu-se a evangelização, no Séc.IV a Igreja Siria implementava a festividade de todos os Mátires, no Séc. VII surge a festa de todos os Santos (1 de Nov.).

Mais tarde, no ano de 840, o Papa Gregório IV ordenou que a festa de Todos os Santos fosse celebrada em toda a Igreja. Esta festa, ganhou uma celebração vespertina ou vigília, que prepara a festa no dia anterior (31 de Outubro). Na tradução para o inglês, essa vigília era chamada All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos), passando depois pelas formas All Hallowed Eve e “All Hallow Een” até chegar à palavra “Halloween”.

Halloween é depois exportada pelos Estados Unidos, que popularizaram a comemoração. Originalmente, o halloween não tinha relação com bruxa (estas poderão ser abordadas noutro momento. Pelo exposto podemos notar que esta tradição não é nossa.

Nas nossas cidades surgem estas manifestações que vão assumindo carácter “tradicional”. Em Portugal, no dia de Todos -os Santos, 1º de Novembro as crianças saiam à rua para pedir o pão-por-deus de porta em porta, era também costume em algumas regiões os padrinhos oferecerem um bolo, o Sontoro.

Em algumas povoações chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’. Na nossa tradição, nos dias de Todos os Santos e Fiés Defuntos as crianças pediam pelas portas pão por Deus, recebiam geralmente romãs, nozes, figos, peros, maçãs, pinhões, castanhas, rebuçados, bolachas, pequenos pãezinhos e também dinheiro.

No site da CML podemos encontrar em geito de justificação: “Nos últimos anos, as celebrações do Halloween têm ganho um novo espaço em Portugal, sobretudo em zonas como o Concelho de Loulé, onde as comunidades inglesa e irlandesa residentes são bastante significativas, para além dos muitos turistas estrangeiros que se encontram de visita e que terão aqui a oportunidade de comemorar esta data, com uma passagem pela cidade de Loulé”. (...) Simultaneamente, a organização da "Parada do Horror" "pretende criar mais uma noite de animação para os residentes e visitantes, especialmente as crianças, ao mesmo tempo que é dado mais um passo importante na promoção do comércio local”.

Não me vou alongar em comentários ao supracitado mas gostaria de saber se os turistas estrangeiros e as comunidades irlandesas, não virão a Portugal e ao Algarve em particular pelo que é nosso especifico e diferente, e nós que sabemos receber damos-lhe o que já têm e o que é nosso e que eles procuram fica guardado, esqueçido.

Temos tradições nossas que se perderão, e um povo que perde a sua cultura e tradições perde a sua identidade, perde o que o torna um povo. Qual é a diferença de vir a Loulé ou ir a outra cidade? A nossa mais valia cultural passa por vivênciar as nossas especifidades e penso que a importação de tardições estrageiras são isso mesmo estrangeiras.

O poeta António Aleixo ao referir-se ao Algarve diz;

"Mas quem, como eu, o conhece,

Sabe que ele infelizmente,

Por dentro é muito diferente

Do que por fora parece”.


Saudações.

Luis Perpétuo.