Carta Aberta ao Senhor Manuel Alegre de Melo Duarte
Candidato a Presidente da República de Portugal
Exmo Senhor:
Mais do que conhecida criatura portuguesa, por meio das designações como, Manuel Alegre, Poeta, Radialista, Advogado, ex-Deputado, ex-Vice-Presidente da Assembleia da República, co-fundado do Partido Socialista, (novamente), Candidato a Presidente da República de Portugal, e tantas outras coisas mais,que não vem agora a importar muito para a lide em questão.
Apresentando desde já os meus respeitosos préstimos, que não cumprimentos,a Vossa Senhoria, começo por desde já lhe dizer, meu Caro Senhor que jamais posso ser incluído no rol daqueles portugueses que descaradamente em jeito de arruaça propagandística eleitoreira desafia e apelida de 'cobardes' por se esconderem detrás do anonimato, porquanto eu sou um cidadão nascido em Lisboa no dia 17 de Janeiro de 1962, que tem documento de cidadania portuguesa com o número de bilhete de identidade 6266610, emitido pelo arquivo de identificação de Lisboa, e fui registado com o mesmo nome que até hoje ostento, e não o mudei nem mudei de sexo, aproveitando alguma das leis que Vossa Senhoria fez o grande favor de empenhadamente trabalhar na Assembleia da República, nas suas horas vagas, em que por lá se passeia, pago pelo dinheiro de todos nós que pagamos impostos,ou seja, quem lhe está a escrever esta missiva é nada mais nada menos que José João Massapina Antunes da Silva, um cidadão livre, como qualquer outro cidadão português, e com os seus deveres fiscais em dia.
Portanto, muito mal vai Vossa Senhoria no início da caminhada de uma candidatura presidencial, em que se apresenta mascarado de candidato supra partidário, embora o ar se sinta empestado com a sua conotação política, quando começa desde logo por atacar os portugueses que não confiam em si, e jamais gastariam um euro para o ajudar sequer a chegar a casa de transporte público se lhe tivessem fanado a carteira nalguma reunião, ou esquina de boteco, ou nalgum descuido na pesca do robalo lá para as bandas do centro de Portugal, ou numa caçada aos "gambuzinos" no Alentejo.
Cada um faz como melhor entende, mas ao caminhar esta estrada, não lhe vislumbro grandes êxitos no curto prazo da sua vida política, no entanto Vossa Senhoria melhor decidirá, sem que no entanto não deixe de lhe dar uma opinião, pela qual não paga nada!
No meu modesto entendimento deveria começar por respeitar todos os portugueses por igual, tanto aqueles que em si confiam, como aqueles que de si só guardam muito más lembranças de um passado que deveria ser para esquecer - só que muitos daqueles que viveram esse passado jamais se vão libertar desses factos tristes das suas vidas.
Factos em que Vossa Senhoria, tem participação efectiva, e pelos piores motivos,que depois passarei a enumerar, e tal como já lhe referi, o vou fazer sem qualquer temor, pois "cobardolas" deve ser Vossa Senhoria, que ataca sem ver a quem ataca, como se fora cego a disparar a esmo o seu desespero e angústia de ter atrás de si um passado que não pode renegar, e muito menos mudar, pois ele está indelevelmente escrito, vivido e guardado para toda a posteridade, quanto mais não seja nas memórias de muitos que infelizmente consigo conviveram.
Pauto a minha vida por olhar de frente para os homens, e nunca os medi aos palmos, por isso para mim, tanto valor tem um homem de 1,95 m ou outro de 1,52, tanto se me dá a sua cor de pele, ou se os cabelos são loiros ou pretos ou se é careca, ou barbudo.
Agora o que também faz parte da minha forma de ser, estar e viver, é nunca, jamais, deixar de responder a um desafio ou a uma ameaça, e desde já lhe posso dizer que NÃO TENHO MEDO DE NINGUÉM, E MUITO MENOS MEDO DE SI E DAS SUAS AMEAÇAS, pois um homem é um homem, e um bicho é um bicho, e estamos cá é para isto, para viver, e não
para nos acobardar perante qualquer "pilantra" que nos surja no caminho armado em pavão cheio de penas, mas com o rabo preso a um passado que tenta vir agora justificar...
E posto que me excedi, nesta minha explanação inicial, para que Vossa Senhoria não possa ter a mais insignificante dúvida, que não o vou respeitar enquanto homem, porque entendo que Vossa Senhoria não merece qualquer respeito enquanto tal, e muito menos vou acatar a sua ameaça de que quem falar de si terá que se entender consigo, pois também desde já lhe digo que vou falar de si muito mais do que Vossa Senhoria desejaria, e que eu mesmopensaria ter paciência de falar, atendendo à sua mais do que manifesta insignificância terrena.
Vamos lá então ver, finalmente, se o pessoal se entende cá com Vossa Senhoria, em todos os capítulos, para que fiquemos de uma vez por todas devidamente esclarecidos, pois se existe coisa que detesto na vida é mal entendidos. E quanto a heróis, como muito bem sabe, os cemitérios estão pejados deles, e não o estou a ver como valendo grande coisa, nem sequer para alimento das minhocas...
Eu, José João Massapina Antunes da Silva sou um dos que o tem atacado nos mais variados locais possíveis e imaginários, assinando sempre com o meu nome próprio, porque não utilizo em local algum, pseudónimo para me esconder, porque nunca o fiz, nunca o faço e nunca o farei, uma vez que sempre assumi tudo aquilo que digo e escrevo, com total frontalidade.
Obviamente que o tenho atacado verbalmente, mas de modo leal e o mais frontal possível, porque considero que Vossa Senhoria não é digno de ser algum dia o mais Alto Magistrado da Nação chamada Portugal, e muito mal andariam os portugueses se assim o designassem, e mais lhe digo, que penso pela minha cabeça, não sou influenciado nem por A ou por B, e até me dou ao luxo de ser irmão de um membro da sua Comissão de Honra, ou Comissão de Candidatura, ou lá ou o que lhe queira chamar, e não será por isso, que lhe deixarei de zurzir uma valentes pauladas verbais, para o colocar no seu devido lugar, que não deveria sequer ser um Deputado da Nação, mas sim como mero cidadão, obrigado a cumprir os seus deveres e direitos como qualquer
outro português digno desse nome.
Deve ser realmente devido à sua falta de dignidade e carácter que Vossa Senhoria tem sido um dos mais privilegiados desta Nação desde a épica Revolução de 1974.
Vossa Senhoria diz, e muito bem, que em Agosto de 1961 foi incorporado no serviço militar obrigatório. E eu lhe pergunto desde já, o porquê de tamanha admiração e justificação, da sua parte, para esse facto, pois quem seria Vossa Senhoria para se assumir como excepção à regra da época?
Todos os jovens da sua geração o tiveram que fazer, e ninguém que eu tenha conhecimento, até ao dia de hoje, questiona esse facto, de si inquestionável, das suas vidas.
Seguiu a sua vida militar, e daí também ninguém o questionou se foi soldado raso, ou se chegou a cadete, depois Aspirante, Oficial Miliciano e por aí fora! E até quem sabe podia ter chegado a Major ou até mesmo a General, que nem o seu amigo, ex-chefe de rede bombista, que teve a sua ficha limpa pelo seu outro grande amigo, Mário Nobre Soares, transformado em Comendador Otelo Saraiva de Carvalho, e a quem só já lhe falta ser colocado no dia do juízo final, no Panteão Nacional ao lado da Amália e dos Reis, ou até quem sabe nos Jerónimos ao lado de Camões, Pessoa, e Vasco da Gama.
Seguiu viagem para cumprir os seus deveres militares para Angola, como poderia
ter seguido para a Guiné-Bissau, Moçambique, ou outra qualquer das Colónias onde existia palco de guerra e militares portugueses destacados.
Ou esperava que o tivessem colocado a guardar lapas na guerra das Berlengas, ou na Ilha do Rato em frente ao Lavradio-Barreiro?
Diz que o seu pelotão recebeu missões para realizar escoltas e tudo o mais o que
seria normal num palco de guerra.
Vossa Senhoria estaria à espera de se deslocar para a Guerra Colonial para se ir banhar nas águas quentes da costa, ou comer camarão de papo para o ar nas avenidas de Luanda ou mascar tabaco no Nambuangongo?
Refere que esteve algumas vezes debaixo de fogo inimigo - felizmente nunca se queimou, estorricou, ou lhe colocaram nada dentro dos bolsos para o fazer andar aos pulinhos no meio da picada!
Pois tudo isso foi muito bom para que dessa forma Vossa Senhoria pudesse tomar consciência das condições em que tantos jovens da sua geração foram colocados, por si próprio, quando mais tarde, segundo as palavras de muitos deles,(queestão dispostos a testemunhar), era Vossa Senhoria que via rádio dava as coordenadas onde os "turras" poderiam encontrar os destacamentos, colunas e aquartelamentos, bem como as rotas das escoltas.
Vossa Senhoria - não sei, não posso afirmar, nem o estou a fazer de modo algum,
mas enquanto militar, (sendo ainda por cima um oficial), poderia ter acontecido dar esses mesmos dados. Agora o que a história não consegue apagar é que isso aconteceu por via directa ou indirecta quando já não estava a cumprir o serviço militar, e desde Argel, com a conivência e apoio de adversários de Portugal e dos Portugueses.
Obviamente que Vossa Senhoria pode optar por uma autêntica "peixeirada", como aliás é seu timbre, em local próprio, com o digo eu,diz você, dizem eles, (eles, os seus Companheiros, e olhe que tem centenas deles com muita vontade de o desmascarar na praça pública).
Basta falar com muitos que nas diversas Associações de militares e ex-combatentes para se ver a grande "amizade" que por si sentem!
Se Vossa Senhoria algum dia se descuidar a passar fora de uma passadeira para peões
em zona movimentada, pode-lhe acontecer bem pior que o simples braço partido aquando da campanha eleitoral para o 1º mandato do seu amigo Mário Nobre Soares.
Está a ver como eu tenho uma memória de elefante, e como Vossa Senhoria conhece tanta gente que até já se esqueceu de um jovem e imberbe jornalista, de gravador em punho, em plena FIL, a poder ver e conhecer as imagens de momentos muito importantes para a história de Portugal. Já agora, uma à parte, sem maldade, só por mais profunda amizade à pessoa em questão,ainda mais porque fomos Companheiros de Partido, e chegámos até, juntamente com outros Companheiros da época, a lutar contra muitos daqueles que agora o estão a levar ao colinho na tentativa de o colocar como Majestade em Belém.
Será que a sua amiga arquitecta está boa !? Não a tenho visto, (tirando o empenhamento com que defende os contentores para a zona ribeirinha), mas naquela altura ela já andava muito ao pé de si, pois se a vir, lhe transmita os meus mais afectuosos cumprimentos, vindos de um ex-dirigente da JSD e do PSD do Barreiro.
Mas voltemos ao importante desta missiva, deixando as familiaridades para outras oportunidades. Assim quando Vossa Senhoria foi parar ao aquartelamento de Quixico, perto da fronteira com o Congo, e acabou por dar tanto nas vistas da PIDE-DGS, que a coisa esquentou de tal forma que até lhe arranjaram, ou foi mesmo Vossa Senhoria quem arranjou, uma oportuna doença para o tirarem de lá.
Quero eu dizer, no meu entendimento, para que você obviamente se pudesse pirar de lá...
Com aquilo que lhe acabei de dizer, não estou de forma alguma a chamar-lhe "cobarde" - antes pelo contrário, pois seguindo a velha máxima portuguesa, e que outros povos também usam, quem tem cu tem medo...
Pena que na época não existissem atestados médicos para justificar, e hoje Vossa Senhoria até pode dizer que estava com paludismo ou outro qualquer mal tropical,
sei lá, até mesmo uma mordidela de macaco... mas o que deve ter sido mesmo,e existe ainda vivo na mente de quem se recorda, foi uma doença chamada de investigação da PIDE-DGS que o vitimou, e o jogou para a enfermidade.
Foi mesmo a PIDE-DGS e não o paludismo que o atacou, confesse lá - só cá para nós, que ninguém nos está a escutar...
Pois foi... em 1963 Vossa Senhoria foi passar férias pagas, por amável convite da PIDE-DGS, e ainda bem que nem esqueceu o dia, (até acho que deve comemorar esse dia todos os anos) pois passou à categoria de mártir político, posto tão ambicionado pelos camaradas da época, que chegavam a andar quase à porrada para serem detidos e considerados da pesada na oposição.
Engraçado como Vossa Senhoria só passa uma noite preso, e de imediato é passado à disponibilidade. Para logo depois a PIDE-DGS o alojar graciosamente nas suas instalações por mais 6 meses, e olhe que isso Vossa Senhoria nunca esclareceu lá muito bem, nem sequer em poesia.
Esta sua epopeia de mártir político até faz lembrar as prisões e os exílios do seu grande "amigo" Mário Soares, em que o colocavam numa estância voltada para os coqueirais e para o mar, a passar férias, e lhe possibilitavam salvos condutos para rumar a Paris.
Vossa Senhoria optou por Argel, pois lá tinha uma rádio, onde poderia continuar o trabalho iniciado em Angola.
Conte lá, cá para a gente que ninguém nos está a escutar, foi isso não foi... só que você não pode contar tudo. Como eu o entendo !!!
Vossa Senhoria, ao contar e repetir tantas vezes a mesma história , fez com que muitos acreditassem nela e assim o considerassem quase igual ao General (herói francês) em plena Casablanca.
Vossa Senhoria sabe muito bem que atentou contra Portugal nos idos anos de 1960 e contra aquilo que era a lei no momento, e que ao estar a fazer isso colocou em risco as vidas dos seus Camaradas de armas.
Não se pode agora vir fazer de santo, não pode vir escudar-se em maniqueísmos revolucionários para justificar o injustificável, ou vir dizer na praça pública, batendo no peito umas trezentas e setenta vezes, que nada fez, que não contribuiu para que muitos militares tivessem tido um destino bem diferente daquele que lhes poderia estar reservado.
Sabe Vossa Senhoria, o que eu realmente gostava era que se juntassem esses ex-jovens, e no local próprio fizessem um frente a frente consigo, para que de uma vez por todas Vossa Senhoria deixe de se fazer passar por aquilo que realmente não é.
Quanto ao resto...
Pois estaremos por cá para que a história algum dia o possa julgar a si, e a mais
uns quantos que se fazem passar por verdadeiros "santinhos democráticos",quando não passam de hereges.
Fazer de democrata, aproveitando as circunstâncias políticas e as oportunidades, é mesmo a imagem de marca de uma certa casta de políticos (que foram paridos,para não dizer mesmo abortados em 1974) e que tão bem tem conduzido Portugal para o abismo onde hoje se encontra.
Fico então a aguardar da parte de Vossa Senhoria que faça o que entender, pois pela minha parte não retiro uma vírgula em tudo o que escrevi, e em tudo o mais que lhe irei continuar a chamar e a dizer de si.
Desejo-lhe uma campanha eleitoral à medida dos seus desígnios, e da vontade que tenho de que ganhe estas eleições, ou seja nenhuma.
Nem sequer gosto de o saber a candidatar-se perante os portugueses debaixo de uma máscara da maior das hipocrisias possíveis e imaginárias.
Faltou ainda dizer-lhe que vou publicar esta minha carta aberta, na grande maioria dos meus espaços na net, para que assim tenha as mais variadas oportunidades de
a ler, e ao mesmo tempo de testar que me estou borrifando pura e simplesmente
para as suas ameaças, e cá o espero para falarmos, olhos nos olhos, no local próprio - se Vossa Senhoria na sua garbosa valentia de caçador, poeta e pescador assim o entender.
Atentamente, um cidadão português a quem comprovadamente Vossa Senhoria jamais poderá chamar cobarde, e que fica ao seu dispor para outros esclarecimentos que por bem entenda.
José João Massapina Antunes da Silva
*recebido via e-mail com nota de pedido de publicação.